sábado, 27 de outubro de 2012

Dicas da França: Le Mont Saint Michel



Abadia beneditina com 1200 anos de história, fortaleza invencível na Guerra dos Cem Anos, prisão do Estado durante a Revolução Francesa, santuário de peregrinação católica por mais de mil anos e cidadela medieval. Todos os anos, 3,5 milhões de turistas visitam a costa da Normandia para subir as ruas estreitas em caracol do vilarejo com apenas 44 habitantes que se formou aos pés do velho mosteiro em estilo gótico dos séculos 11-16, apelidada pelos franceses de “la merveille” (a maravilha).


Vilarejo aos pés da abadia

Distante 360 km a oeste de Paris, a pequena cidade de Le Mont Saint Michel é uma ilhota rochosa, na foz do rio Couesnon, que conserva uma das mais espantosas edificações religiosas da Idade Média, sendo um dos principais cartões postais da França, tombado como Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO em 1979.


Le Mont ao fundo e a estrada elevada que liga a ilha ao continente: remoção prevista até 2015, permitindo que a água circule livremente ao redor. No lugar, será construída uma passarela

Le Mont Saint Michel é um lugar mágico, uma obra-prima da arquitetura medieval, uma das cidades mais lindas do mundo. Tudo começou no ano 708 com uma abadia dedicada ao Arcanjo São Miguel, composta por um pequeno oratório em forma de gruta. Com a chegada dos monges beneditinos em 906, iniciou-se a construção de um grande monastério e abadia em estilo gótico, localizados no cume do morro, fundados no século 11. Nos cinco séculos seguintes, sucessivas construções formaram a imponente estrutura que, assim como a aldeia que cresceu em torno da abadia, ainda podem ser percorridos e admirados nos dias atuais.


Capela de Saint-Aubert, do século 8

Durante a Idade Média, o monte foi um grande centro de peregrinação espiritual, assim como Roma e Santiago de Compostela. Naquela época, adultos e crianças tinham a “eternidade assegurada” depois de percorrer os então chamados “caminhos do paraíso”.

Nos séculos 14 e 15, a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra fez do monte uma fortaleza impenetrável. Reforçada militarmente com as muralhas que atualmente cercam a ilha, suportou um cerco de 30 anos e tornou-se um símbolo da identidade nacional francesa.


Um dos pontos de observação da Baie de Mont Saint Michel

Durante a Revolução Francesa, a abadia se transformou em prisão do Estado. A partir de 1792, trezentos padres contrários ao regime republicano foram trancados no interior, libertados somente sete anos depois, quando prisioneiros condenados a trabalhos forçados chegaram ao lugar. Em 1863, a prisão foi fechada. Restaurado, Le Mont Saint Michel foi classificado como monumento histórico nacional da França em 1874. Em 1966, há exatos mil anos depois de sua chegada, os beneditinos foram convidados a retornar, permanecendo até 2001.


Abadia (acima), construções do vilarejo e um dos postos de observação (abaixo)

Logo na entrada está o hotel e restaurante La Mère Poulard, datado de 1879, famoso por suas omeletes gigantes e visitantes ilustres (Ernest Hemingway, Leon Trotsky, Yves Saint-Laurent, Alberto Santos Dumont, Alexandre Dumas, entre outros). Ao atravessar o pórtico, a rua principal (Grand Rue) mantém a arquitetura medieval, mas foi tomada por lojas de souvenires para os turistas, restaurantes e hotéis das mais diferentes categorias. O engarrafamento humano torna a subida uma procissão, faz parte do passeio. No meio da subida está a igreja paroquial medieval de St-Pierre, que possui uma capela ricamente esculpida com a estátua de St. Michael matando um dragão.


La Mère Poulard


Grand Rue (esq) e uma das muitas passagens estreitas do vilarejo (dir)

Com cerca de 80 metros de altura, formado por vastas salas de paredes altas, praticamente todas as seções do complexo podem ser visitadas pelo turista, o que inclui a abadia, a igreja, o claustro, o refeitório, o passeio dos monges, as muralhas. Vencidos os mais de 900 degraus da subida, o turista é contemplado com uma visão em 360 graus da baía.


Claustro


Refeitório, do século 12


Igreja, séculos 11-16


Um dos muitos salões da abadia

Durante as marés altas, a cidade-ilha é cercada por água - a Baie de Mont Saint Michel tem uma das marés com maior variação da Europa (15 metros). Nas baixas, é preciso cuidado com os bancos de areia movediça, embora seja permitido caminhar em volta do monte. Para ligar a ilha com o continente, em 1879 foi construída uma estrada elevada, o que resolveu o problema dos moradores e visitantes, porém em conjunto com a canalização do Couesnon provocou o assoreamento da baía, uma vez que impede a água de circular ao redor da ilha.


Le Mont Saint Michel, visto pelo lado oposto, com a capela de Saint-Aubert em destaque


A partir da capela de Saint-Aubert, que só pode ser visitada quando a maré está baixa

Do alto da abadia, dá para avistar as marés mudando rapidamente a paisagem ao redor, e entende-se porque os peregrinos da Idade Média corriam o risco de se afogarem. As marés ainda representam um perigo aos visitantes que optam em fazer o trajeto pelas areias, partindo das praias vizinhas. Por outro lado, tais alagamentos ocasionais têm criado pastagens com alto teor de sal, consideradas ideais para a criação de animais. Uma das especialidades gastronômicas locais é o "agneau de pré-salé", um cordeiro alimentado nessas pastagens salgadas, com carne muito saborosa e macia.


Turistas aproveitam a maré baixa para caminhar em torno da ilha

Um projeto do governo francês, iniciado em 2009 e com planos de conclusão em 2015, (1) removerá a atual estrada que liga a ilha ao continente, (2) construirá uma barragem sobre o Couesnon para regular o fluxo de água e remover o lodo que se formou em torno do monte, (3) uma passarela para pedestres e (4) transferirá o estacionamento, hoje localizado no pé da cidade, para 2,5 km de distância. O objetivo da reforma é evitar que o acúmulo de areia e sedimentos destrua o ecossistema em torno da ilha, fazendo com que a água volte a circular livremente, recuperando assim a paisagem marítima de antigamente. Além das mudanças de engenharia, o número de visitantes diários passará a ser controlado.

Para saber mais do projeto e ver imagens espetaculares de Le Mont Saint Michel, separe 3 minutinhos e assista o vídeo abaixo:



Para saber mais do projeto e ver como Le Mont ficará em 2015:
http://www.projetmontsaintmichel.fr/en/organise_your_visit/information_center.html
http://www.projetmontsaintmichel.fr/en/why_act/objectives.html
http://www.projetmontsaintmichel.fr/en/pro_area/tourism_area.html

A galeria completa de fotos de Le Mont Saint Michel está disponível na página do Viajante Comilão no Facebook - www.facebook.com/OViajanteComilao

Informações úteis:

1) Como chegar:
- De Paris, pegue um TGV (trem de alta velocidade) até Rennes, e depois um ônibus até o Mont Saint Michel. Com saída na estação Gare Montparnasse, em pouco mais de duas horas chega-se na Gare de Rennes;
- Na estação, suba a escala rolante até o piso superior, siga as placas para a saída norte (Sortie Nord), e então para a estação de ônibus (Gare Routière). Desça a escada rolante um nível e saia da estação. Os ônibus estarão à sua direita. Cerca de uma hora de viagem até a entrada da cidade.

Mais informações sobre o TGV para Rennes no: www.sncf.com
Mais informações dos ônibus de Rennes para o Mont Saint Michel no: www.keolis-emeraude.com

2) O que comer:
- A omelete gigante de 8 cm de altura ou o cordeiro ("agneau de pré-salé") do La Mère Poulard, crepes do Le Mounton Blanc, hot-dogs gigantes (e com generosa mostarda Dijón) encontrados nas inúmeras barraquinhas na rua principal. Há vários restaurantes ao longo da Grand Rue, com preços variados;
- Experimente o calvados (em francês, "calvadôs"), um destilado DOC da região da Normandia, produzido a partir da fermentação da maçã.

3) Onde ficar: Dá para ir e voltar no mesmo dia. Entretanto, se você preferir dormir na região, as diárias custam a partir de € 100 por noite, quarto para 2 pessoas. Entre as opções dentro da cidade, La Mère Poulard (www.mere-poulard.com), Le Mounton Blanc (www.lemountonblanc.com), Auberge Saint Pierre (www.auberge-saint-pierre.fr) e Le Saint Aubert (www.le-saint-aubert.fr).

4) Quanto custa: Grátis para entrar na cidade e andar pelas ruas. Para subir à abadia, a melhor parte do passeio, maiores de 25 anos pagam, € 9; entre 18 e 25 anos, € 5,50; grupos a partir de 20 adultos, € 7; grátis para menores de 18 anos. Para fazer a visita com audioguia (altamente recomendado pela história do lugar), € 3.

Horário de funcionamento: Diariamente das 9hs às 19hs (entre 02/05 e 31/08), das 9h30 às 18hs (entre 01/09 e 30/04). Fechado nos dias 01/01, 01/05 e 25/12.

Site oficial: http://www.ot-montsaintmichel.com/index.htm?lang=en

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