Filial chilena do restaurante mais respeitado de Lima (Perú), o Astrid y Gastón é a principal casa do chef Gastón Acurio, também presente na Colombia, Equador, Venezuela, México, Argentina e Espanha. Junto com o D.O.M., são os únicos representantes da América Latina na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo.
Além de chef do Astrid y Gastón, ele é dono do La Mar (com filial em SP) e do Tanta, um ótimo peruano que existe em Santiago (falarei sobre num outro post). Fora das panelas, ele também é uma celebridade em Lima - é empresário, tem programa de TV, já foi garoto propaganda de banco, já escreveu livro, e até dublou a versão em espanhol do desenho Ratatouille.
A cozinha do Astrid y Gastón é "contemporânea peruana de autor com forte influência na gastronomia francesa". Deu pra entender? Ele reinventa clássicos da culinária peruana e cria novos pratos com uso de ingredientes tipicamente peruanos.
A casa de Santiago está localizada na residencial Calle Antonio Bellet, no coração de Providencia, entre a movimentada 11 de Septiembre e a moderna Andrés Bello, que contorna o rio Mapocho. Nos arredores, vizinhos ilustres como Aqui Está Coco e Giratório.
Reserva feita com alguns dias de antecedência, mesmo para uma segunda-feira, mas para não ter erro: foi o lugar que escolhi para comemorar o aniversário da Luciana.
Saímos do metrô Pedro de Valdívia e caminhamos 2 quadras até a Antonio Bellet. Com algum esforço, achamos o lugar - à noite parece uma casa comum, sem luzes nem letreiros chamativos. Não parece um restaurante.
Ao cruzarmos a porta, surge um ambiente requintado, imponente, de arquitetura clássica, luzes de média intensidade, distribuído em 2 andares e 3 salões - o primeiro é mais intimista, isolado e escuro; o segundo é mais aberto, com pé direito duplo e tem a grata companhia da cozinha evidraçada; e o piso superior, ideal para grupos maiores.
O cidadão em pé à direita é o sommelier. Figuraça!
Cozinha
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O couvert é composto por um ótimo "mix" de pães, com broa de milho, branco com gergelim, preto com nozes e palitinhos. Para acompanhar, manteiga.
De entrada, pedi o sensacional "Trío de cebiches" (CLP 14.800, R$ 59,20): o primeiro é o tradicional, com tenros pedaços de robalo, super suave; o segundo tem polvo e pedaços de peixe, é extremamente picante; e o terceiro, com lulas, camarões e milho, tem ardor médio.
O ceviche tradicional deles foi o melhor que já comi, EVER.
Para beber, pedimos a ajuda do sommelier da casa para escolher um bom vinho, que fosse "docinho" e "fraco". O mais próximo que chegamos foi a uva Gewurztraminer, disponível em 2 rótulos: um de CLP 20.000 (R$ 80), outro de CLP 9.400 (R$ 37,60). Adivinhem qual foi o sugerido pelo sommelier? Sim, o mais barato, que na opinião dele "agradaria mais". Gostei do cara.
Faltou uma foto da garrafa... Serve da taça?
Aliás, a viagem de 3 semanas por Santiago revelou um fato importante: em linhas gerais, os garçons são mais preocupados em agradar e satisfazer do que arrancar dinheiro dos turistas, e isso é uma prática bastante comum. Que seja sempre assim.
O atendimento está entre os melhores de Santiago. A postura pró-ativa dos garçons visa garantir que os clientes sejam atendidos com rapidez e cordialidade, antes mesmo do cliente levantar a mão para chamá-los. Isso pode ser visto em momentos simples: na escolha dos pratos (ajudando e dando sugestões), na reposição da bebida, na entrega da carta de sobremesas.
O Astrid y Gastón é um restaurante frequentado pela elite santiaguense, mas também por turistas, sobretudo brasileiros. Pensando no ótimo atendimento (e, obviamente, de olho nas gorjetas), os caras pediram ao dono para contratar uma professora de português!
O sommelier merece um parágrafo à parte: o cara é uma figura! Conversou conosco à noite inteira num português bastante arranhado, e mesmo com nossas respostas em castellano, o cara fazia questão de falar a nossa língua. Segundo ele, nasceu em "Portugal". Quando questionado "Portugal?", ele responde: "Sim, na rua Portugal, a poucas quadras daqui". Contou que viajou o mundo conhecendo vinhos, com passagem especial em Bento Gonçalves. Ele anda pelo salão com um smartphone nas mãos, com anotações de todos os vinhos da casa para recomendar aos clientes.
A Luciana pediu o "Camarones Crocantes" (CLP 12.800, R$ 51,20), que é uma entrada mas foi servida como prato principal. São 4 camarões equatorianos gigantes, preparados à milanesa com mel e laranja, e acompanhados por um purê de batata doce. Pra quem gosta da mistureba de doce com salgado, é um belo prato. Tem uma das melhores apresentações que já vi.
A Luciana pulou o prato principal. Eu pedi o inesquecível "Salmão Confitado con Risoto de Azafrán" (CLP 13.400, R$ 53,60). Definitivamente, o peixe comido no Chile não tem comparação com aquele negócio que comemos no Brasil - uma posta perfeita no sabor, na textura, no aroma, na cor. O risoto estava caldoso do jeito que eu gosto, e veio acompanhado com vegetais grelhados. Acima do salmão, 2 cebolas confitadas (ótimas) e saladinha de mini-agrião. A barriga ronca só de lembrar do prato.
Estávamos os 2 cheios, e decidimos não pedir sobremesa. Pedimos à conta, acompanhada de uma foto para registrarmos a data. O garçom me questionou com cara de surpreso por não saber do aniversário (bom, eu informei na reserva...), pegou a conta da mesa e pediu que aguardássemos um pouco.
Poucos minutos depois, voltou com uma versão mini do "flan de tres leches" da casa, com velinha e tudo! Uma surpresa a mais para fechar uma noite mais que especial.
Te amo, amorzão! Obrigado por ter ficado comigo no Chile. Espero que a celebração do seu aniversário tenha sido tão inesquecível para você, assim como foi pra mim!
Voltando ao post...
Conta: 1 entrada, 2 pratos principais, 1 vinho 750ml, serviço (15%) = CLP 57.000 (R$ 228).
Conclusão: Meu Top 5 de Santiago. Saí de lá feliz da vida, certo de ter vivido uma excepcional experiência gastronômica. Pelo conjunto da obra, não achei a conta cara.
Importante: A pedido do cliente, os restaurantes chiques de Santiago podem chamar um taxi para levá-lo até o hotel. Vale pela praticidade, mas seguem alguns avisos: (1) não é um taxi oficial, mas um carro privado; (2) como não tem taxímetro, o preço cobrado vai da cabeça do motorista: paguei CLP 4.000 (R$ 16) num trajeto que sairia CLP 1.200 (R$ 4,80) num taxi oficial; (3) mesmo caro, pode até valer a pena, dependendo do horário - o metrô fecha cedo (23hs) e pegar taxi em Santiago perto da meia-noite não é das tarefas mais fáceis.
Endereço: Calle Antonio Bellet 201, Providencia
Telefone: + (56) 2 650 9125
Horários de atendimento: De segunda à sexta das 13hs às 15hs (almoço), e segunda a sábado das 20hs à meia-noite (jantar)
Internet:
http://www.astridygaston.cl/