sábado, 22 de fevereiro de 2014

Buenos Aires - Tour El Monumental e Museo River



Casa do River Plate e da Seleção Argentina, o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, mais conhecido como “Monumental de Núñez”, testemunhou os 2 títulos do "Los Millionarios" na Libertadores (1986 e 1996) e foi palco do primeiro título mundial dos “hermanos” na Copa de 1978. É o maior estádio do país, com 58 mil lugares, todos sentados. Apesar do apelido, o Monumental não fica no bairro de Núñez, e sim em Belgrano, bairro vizinho.

Oferece visita guiada ao estádio e um amplo museu, onde é possível conhecer a história do time, visitar a sala de troféus e as áreas temáticas, que fazem um interessante paralelo entre os avanços das décadas e as conquistas do clube, que já foi da elite mas que hoje predomina nas classes mais humildes.



Década de 1920, o time fundado no começo do século na humilde zona sul portenha, em La Boca (daí surgindo a rivalidade com o Boca Juniors, que se manteve neste bairro), deixou a região de Dársena Sud, para ter seu próprio estádio. Adquiriram um terreno em Palermo, na esquina da Alvear com Tagle (área hoje pertencente à Recoleta). Quinze anos depois, o clube cresceu, fortaleceu-se e chegou a ser conhecido como "Los Millonarios", devido as contratações caras. Tinha um grande número de sócios, mas apenas dois títulos nacionais (um amador e outro profissional). O estádio ficara pequeno demais.

Em Outubro de 1934, um terreno de 83.950 metros quadrados mais ao norte foi adquirido. Em Maio de 1935 foi colocada a pedra fundamental do Estádio, em Dezembro foram apresentados os planos da construção, mas apenas em Setembro de 1936 as obras efetivamente foram iniciadas, sob a supervisão dos arquitetos José Aslan e Héctor Ezcurra.



O projeto inicial já previa o formato oval, com três anéis de arquibancadas, mas o dinheiro arrecadado não deu conta da obra e o estádio foi inaugurado em formato de ferradura, desenho que permaneceu até 1958, quando o dinheiro da venda de Omar Sívori à Juventus (10 milhões de pesos) permitiu a conslusão da obra, o que aumentou a capacidade do estádio para 100 mil pessoas.

O River Plate é o segundo time em torcida na Argentina, e deve muito disso à construção do Monumental. Após dois anos de construção e três tribunas concluídas, no dia 25 de maio de 1938, cerca de 8.000 pessoas presenciaram a entrega de uma bandeira argentina e outra do clube, cercadas pelos sócios, que entoaram o hino argentino e do River Plate. No dia seguinte, uma festa com cerca de 120.000 espectadores (até hoje a maior lotação da história) e, após diversas atividades, a primeira partida do estádio, contra o Peñarol, do Uruguai. Vitória do River, por 3 a 1.



Com a Copa do Mundo de 1978, o estádio passou por reformas e teve sua capacidade reduzida para 76.609 espectadores sentados, sendo um dos melhores estádios do mundo na época. Recebeu 9 jogos, incluindo a abertura (Alemanha Ocidental 0-0 Polônia) e a Grande Final (Argentina 3-1 Holanda), além de três jogos dos hermanos na primeira fase, vitórias de 2-1 contra Hungria e França, além da derrota por 1-0 para a Itália (diz-se que o time tirou o pé no último jogo para evitar cair na chave da Holanda na fase seguinte).

Em 1986 o estádio recebeu o nome do ex-presidente riverplatense, Antonio Vespucio Liberti (1902-1978). Mandatário do clube em 5 ocasiões (1933-35, 1939, 1943-52, 1960-64 e 1966-69), embora não estivesse na presidência em 1938 (e sim Julio Degrossi), foi quem comprou o terreno do Monumental e abraçou o projeto. Fez grandiosos investimentos em jogadores, fazendo “Los Millonarios” tornar-se “La Maquina”. Liberti tinha origens comuns à do clube, era filho de genoveses, numerosos em La Boca e que caracterizaram a dupla: o River adotou as cores vermelha e branca por serem as da bandeira de Gênova, e os auriazuis se chamam de xeneizes, derivação de zeneise – “genovês” no dialeto da região italiana da Ligúria.



Quem não conseguir ingressos para as partidas do River tem a opção de fazer um tour completo pelo estádio, com acompanhamento de um guia (em espanhol). O tour passa pelas arquibancadas, tribunas, vestiário do time visitante, túnel de acesso ao gramado, sala de imprensa e termina com uma volta em torno do campo. O guia vai contando as histórias do clube, dos principais jogadores, e fazendo piadinhas com o Boca. Vale pela visita, vale pela visão imponente do estádio, mas sem dúvidas o Tour La Bombonera é bem mais legal.

Mas a melhor parte do passeio é sem dúvidas o imperdível museu de dois andares, que usa muito material audiovisual, interativo e objetos antigos para contar a história da paixão por um time.


Em sentido horário: River Infinito, quinteto que formava a "La Maquina", "Millonarios en la Seleccion" (Crédito: Buenos Aires Hostels) e a entrada do museu

O tour começa pelo “River Infinito”, uma túnel do tempo que conta a história do clube década a década, em paralelo com a da Argentina e do mundo. Fotos, vídeos, estatísticas (escalações, resultados, goleadores) e vasta memorabilia relembram os títulos conquistados, com destaques para os 33 campeonatos argentinos, duas Libertadores (1986 e 1996) e a Copa Intercontinental de 1986, passando por Carlos Gardel, peronismo, anos de chumbo da ditadura, volta à democracia, queda do muro de Berlim, fim da União Soviética, entre outros. Até o disco “We Are The World” foi lembrado!

Para muitos a seção mais bonita de qualquer museu de futebol, a “La Gloria” reúne os troféus mais importantes conquistados pelo River Plate. No centro da sala ficam a Copa Intercontinental, as duas Libertadores, a Copa Sulamericana e a Supercopa, nas laterais estão os torneios nacionais e outras conquistas importantes.



Uma locomotiva em tamanho real serve de homenagem a “La Maquina”, apelido que surgiu em 1941 para um dos maiores ataques da história do futebol argentino, formado por Labruna, Moreno, Pedernera, Muñoz e Loustau. Há quem diga que se a Copa do Mundo não tivesse sido paralisada por causa da Segunda Guerra Mundial, a Argentina teria vencido tudo na década. Nesta época, o Brasil era freguês dos hermanos.

A sala “Millonarios en La Seleccion” é dedicada aos jogadores campeões do mundo com a Argentina quando atuavam pelo River. Em 1978, o goleiro “el Pato” Fillol, o capitão Passarella, o meio-campo “el Beto” Alonso e os atacantes Luque e Ortiz. O time de 1986 tinha o goleiro Pumpido, o zagueiro “el Cabezón” Ruggeri e o meio-campo “el Negro” Enrique.


La Maquina

O “El Escenario de la Pasión” fala dos estádios do River, que nasceu em La Boca e jogou por lá em 1901-1909, 1912 e 1915-1923 (jogou em Sarandí entre 1909-1912 e Caballito entre 1913-1915), quando mudou-se para Palermo onde permaneceu até 1938, até finalmente instalar-se no El Monumental. Destaque para a maquete do Monumental de Nuñez, gigante e perfeita em detalhes. Em cima dela, uma tela passa trechos dos inúmeros shows de rock realizados no imponente estádio, que já recebeu Eric Clapton, Paul McCartney, Madonna, The Rolling Stones, Kiss, Roger Waters, Iron Maiden, Metallica, AC/DC e U2, entre muitos outros.

A mostra “Los de Banda Roja” relembra todos os atletas que vestiram a camisa do River pelo menos uma vez, organizados em ordem alfabética, com fotos e resumo da carreira. Ídolos como Di Stéfano, Francescoli, Carrizo, Fillol, Passarella, Ortega, Bernabé Ferreira, Walter Gómez possuem lugar cativo. A sala “Goles Inolvidables” relembra gols inesquecíveis, seja pela importância ou pela rivalidade, comentados por um holograma. Um ranking exibe a quantidade de gols marcados pelos principais artilheiros do time na história.


Em sentido horário: "Millonarios de Exportación", disco "We Are The World", um dos artigos da memorabília de "River Infinito", "Los de Banda Roja" e a maquete do El Monumental (Crédito pelas fotos 1 e 3: Buenos Aires Hostels)

A sala “Millionarios de Exportación” tem uma série de chuteiras de prata que representam os jogadores mais talentosos que deixaram o clube para jogar nas equipes mais importantes do mundo, e a “La Batuta de Banda Roja” rende homenagem aos técnicos, com um resumo de suas conquistas.

La Camiseta” reúne uma vasta coleção de camisas usada pelos ídolos “millonarios” em partidas importantes, como a que o craque Enzo Francescoli usou na final da Copa Intercontinental de 1996, e presta uma homenagem a uma grande marca riverplatense: a camisa com a faixa diagonal vermelha, a “banda roja”.


La Camiseta (Crédito pelas fotos: Buenos Aires Hostels)

O auditório é uma sala de cinema que exibe o filme “Crônica de uma Paixão Monumental”, com projeção 360 graus em telas múltiplas. Apresentado por ídolos da história do River, resume em cerca de 30 minutos a história do clube e os momentos de glória da “banda roja”.

Para fechar o tour, “El Salón de los Presidentes” é o mural dos presidentes do clube com um detalhe dos trabalhos realizados durante seus mandatos. Por razões óbvias, destaque para “El Gordo” Liberti.


Em sentido horário: Bola de partida entre Manchester City e River Plate ("La Gloria"), painel com estatísticas ano a ano ("River Infinito"), "La Batuta de Banda Roja" e "La Gloria" (Crédito pelas fotos 2 e 3: Buenos Aires Hostels)

Quanto custa: Há três opções de visita, o passeio completo (museu + tour com guia) custa AR$ 55, existe uma opção de museu + tour “express” no estádio, sem guia (AR$ 50) e a terceira permite a entrada só no museu, por AR$ 35.

O museu abre todos os dias 10hs às 19hs (nos dias de jogos funciona até 1 hora antes da partida), e o tour no estádio ocorre a cada hora de 11hs às 17hs (fechado nos dias de jogos).

Como chegar: O estádio fica longe do metrô. Você pode descer em Congreso de Tucumán (Subte Línea D) ou “Nuñez” (trenzão, saindo de Retiro) e pegar um taxi, ou usar as linhas de ônibus 15, 28, 29, 42, 107 e 130, que passam nos arredores do estádio.

Para mais informações, ligue +54 (11) 4789-1156.

Para ver mais fotos do museu, acesse http://www.taringa.net/posts/turismo/15326402/Museo-de-River-Plate-Fotos-e-info.html

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