terça-feira, 30 de setembro de 2014

30 dias na Itália: Montalcino, Toscana


Fortezza di Montalcino

Meca dos amantes de vinhos, falar em Montalcino é falar em Brunello, o vinho mais conhecido do mundo. Construída sobre uma colina que domina os vales Ombrone e Asso, esta pequena cidade com apenas 5 mil habitantes faz parte do Parque Natural e Cultural de Val d'Orcia, a Toscana dos cartões postais, um vale coberto de vinhedos de Sangiovese Grosso e oliveiras, Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO. Com uma extensão de 243 km2, Montalcino é um dos maiores municípios da Itália central.

Embora a principal atração em Montalcino sejam as vinícolas, incluir a cidade murada no seu roteiro de viagem é certeza de um passeio bem agradável. Cidade mais bem conservada das 23 que visitamos em nosso tour de 30 dias na Itália, com ruas bem sinalizadas e extremamente limpas, facilidades de acesso e deslocamento, bolsões de estacionamento, prédios históricos bem conservados, acessibilidade para os idosos e muitas áreas verdes (com bosques e flores), Montalcino é um retrato do dinheiro dos impostos (e a venda de vinho rende uma boa receita) retornando para a sociedade.





O primeiro registro da existência de Montalcino data de 715 dC, um documento assinado por Longobard Rei Liutprand e que trata sobre a disputa entre os bispos de Arezzo e Siena sobre a posse de algumas igrejas em Montalcino. Entretanto, outro documento de 814 dC indica a doação do território de Montalcino para a Abbazia di Sant’Antimo, distante apenas 10 km de Montalcino.

Como chegar: O ideal é ir de carro (40km de Siena, 38km de Montepulciano, 56km de Grosseto), fundamental para visitar as vinícolas, mas partindo de Siena é possível pegar o ônibus 114 da Train SPA (http://www.trainspa.it/) até Montalcino, com ponto final na Viale Roma. A viagem dura entre 1h e 1h10. Os horários de partidas podem ser consultados aqui.

Quanto tempo ficar: Depende de quantas vinícolas pretende visitar. Quase todas abrem de segunda à sexta, poucas abrem aos sábados e quase nenhuma funciona aos domingos. Eu diria que, em 1 dia com carro é possível visitar até 3 vinícolas. Fora isso, inclua 1 dia para a cidade murada.

O álbum completo de fotos de Montalcino está disponível na página do Viajante Comilão no Facebook.













As muralhas da cidade foram construídas por razões defensivas no século 13. A Fortezza di Montalcino foi erguida em 1361 no ponto mais alto da cidade, tem uma estrutura pentagonal para ajudar na vigia do vale e dos limites da cidade. A fortaleza incorpora algumas das estruturas existentes, incluindo a fortaleza de Santo Martini, a torre de San Giovanni e uma antiga basílica, que agora serve como capela do castelo.

No térreo da fortaleza está a “Enoteca La Fortezza”, uma enoteca com boa carta de vinhos para degustação (para comprar os preços são um pouco altos, vale a pena visitar outras lojas na cidade ou o Supermercado Coop). Diretamente na enoteca é possível comprar o ticket que dá acesso ao interior da fortaleza e permite caminhar por suas muralhas (€4 por pessoa).













O edifício religioso mais importante é a “Concattedrale del Santissimo Salvatore”, conhecido apenas como Duomo di Montalcino, erguido em estilo romano-gótico no século 14 em homenagem a São Salvador. Foi demolido e reconstruído em estilo neoclássico entre 1818-1832. A fachada de mármore tem um pórtico formado por seis colunas com capitéis jônicos e entablamento, como os templos gregos. As três portas na frente indicam a divisão do edifício em três naves com abóbadas em forma de arco. No interior, afrescos de pintores da escola de Siena dos séculos 15-17.


Duomo di Montalcino (Crédito pela foto: Wikipedia)

A praça principal da cidade é a Piazza del Popolo, onde está localizado o Palazzo dei Priori com sua Torre dell’Orologio, construído em 1292 e sede da Câmara Municipal. A fachada do palácio é decorada com brasões das famílias que governaram a cidade ao longo dos séculos, no alto da torre ficam o relógio e os sinos, o maior anuncia as horas e o menor comanda os quartos de hora. Ao lado, está La Loggia, uma construção em estilo renascentista do século 14, famosa pela sua formação em estilo renascentista com seis arcos.


Palazzo dei Priori

Perto da fortaleza fica a Chiesa di Sant'Agostino, construída no século 13 com a sua fachada românica simples. O prédio ao lado da igreja já foi um convento, hoje é a sede do “Musei riuniti”, complexo de museus que reúnem coleções de arte arqueológica dos período Neolítico, idade de bronze e ferro, bem como urnas funerárias e outros objetos das civilizações romanas e etruscas, além de pinturas e esculturas de Arte Sacra feitas de madeira e terracota dos séculos 12-16.

A Chiesa della Madonna del Soccorso, do século 17, tem uma magnífrica fachada neoclássica em mármore travertino, e interior em estilo barroco com uma série de pinturas e esculturas de madeira. A última igreja que visitamos é a pequena Chiesa di Sant'Egidio, construída em 1325, com uma fachada românica simples em pedra. Era a igreja oficial da República de Siena em Montalcino, por isso o brasão de Siena no topo da fachada principal. O interior em estilo romano-gótico tem uma só nave, com pilares de pedra em formato de arco alternando com grandes vigas de sustentação do telhado e afrescos do século 14.


Chiesa della Madonna del Soccorso

Com uma vocação natural para produzir excelentes vinhos, descobertas arqueológicas em Montalcino apontam para uma história de 2 mil anos de vitivinicultura. Além das várias lojas de vinho que se espalham pelas ruas da cidade, Montalcino teve papel fundamental para desenvolver o enoturismo italiano, com adegas abertas para visitas guiadas que recebem milhares de visitantes de todo o mundo.







Brunello di Montalcino - Biondi Santi, Banfi e Fattoi

Fattoi (esq) e Barbi (dir) estão entre os Brunellos que provamos O mítico Brunello di Montalcino é provavelmente o vinho mais conhecido e venerado no mundo. Feito somente com a uva Sangiovese (conhecida como “Brunello” em Montalcino), típica do centro da Itália, pode ser considerado, junto com os Barolos, o vinho tinto italiano dotado de maior longevidade, além de ser o primeiro vinho italiano a receber a certificação DOCG (Denominazione di Origine...


Não vá embora sem visitar a Abbazia di Sant’Antimo, antigo monastério Beneditino construído em arquitetura românica medieval no século 12, sobre as ruínas de uma igreja que Carlos Magno teria fundado no século 8, em meio a um bosque de oliveiras em Castelnuovo dell’Abate, cerca de 10km de Montalcino.

Duas esculturas de leões, uma de cada lado, guardam a entrada principal. Toda em mármore travertino e alabastro vindo de Volterra, tem 44 metros de comprimento e 20 de altura. O interior é simples, dividido em três naves separadas por arcos redondos descansando em colunas com capitéis de alabastro, toda esculpida com formas geométricas, pessoas, animais mitológicos e flores. No altar, um crucifixo de madeira da segunda metade do século 12.


Abbazia di Sant’Antimo (Crédito pela foto: Wikimedia Commons)


Abbazia di Sant’Antimo (Crédito pela foto: Wikimedia Commons)

À direita da nave principal há uma capela carolíngia dos séculos 8-9 dC, um pequeno prédio com um único corredor retangular e uma abside semicircular, mesmo período da cripta Carolíngio, localizada sob a atual igreja, que tem uma abside em cada extremidade. Do lado de fora, à esquerda, a torre com 30 metros de altura abriga dois sinos dos século 13.

Outra atração da igreja é a possibilidade de ouvir canto gregoriano cantado pelos monges, todos os dias às 17hs. Para chegar lá, siga as placas até Sant'Angelo in Colle.

Onde comer: Os restaurantes de Montalcino não nos empolgaram. Após uma rápida visita ao Supermercado Coop, localizado bem no coração do centro histórico, a boa oferta de massas, molhos e conservas com ótimos preços (uma massa recheada com molho para 2 pessoas custa cerca de €5) foi a motivação que precisávamos para usar a cozinha do nosso apartamento no Agriturismo La Casella e economizarmos uns trocados.

Compramos ingredientes para 5 refeições, além de um pote de sorvete (ruim, diga-se), água, suco e chá para 3 dias, e gastamos no total €50 - dependendo do restaurante, gastaríamos isso em apenas 1 refeição, com vinho. Como o Agriturismo La Casella é da esposa do dono da Fattoria Fattoi, tínhamos à disposição um ótimo Brunelo de Montalcino por módicos €10 (garrafa de 375ml). Fizemos um bom negócio!


Prato 1: Massa recheada com cogumelos, molho quatro queijos. Simples e gostoso!


Prato 2: Massa recheada com tartufo, molho à base de cogumelos. Delicioso!!!


Prato 3: Massa recheada com presunto parma, molho de tartufo negro. Molho com sabores fortes, "matou" a massa.


Prato 4: Massa recheada com queijo, molho à bolonhesa. Só não foi o melhor bolonhesa da viagem toda porque a carne era de "segunda".


Prato 5: Massa fresca com molho ao pesto com camarões. Pesto excepcional, uma pena que os camarões estavam salgados além do ponto.

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