quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Bogotá – Andrés DC (Zona T)


Lomo en Vino Ajisoso

Uma instituição colombiana, com certeza o restaurante mais emblemático, prestigiado, cultuado, conhecido e famoso do país, roteiro obrigatório para todo turista que visita Bogotá. A comida é boa, mas não é ela que faz deste bar/restaurante/balada um lugar único. Sem conhecer o Andrés DC você não terá conhecido Bogotá.

A principal marca registrada do Andrés DC é sua decoração kitsch, as paredes, o teto, as mesas, os bares e os banheiros são forrados com uma infinidade de objetos, como letreiros coloridos, estrelas, corações de todos os tamanhos, velas, imagens religiosas e pagãs (que representam um “paraíso urbano”), máscaras, flores e qualquer outra coisa pouco usual (e bem chamativa) que possa ser pendurada e apreciada. Sem falar que ali tudo está a venda, é só pedir para incluir na conta.







O imponente endereço do Centro Comercial El Retiro, localizado na parte mais nobre da badalada Zona Rosa (ou Zona T), mantém as mesmas características da matriz na cidade de Chia, cerca de 30 minutos de Bogotá, combinando uma decoração caótica, performances de artistas e provavelmente a melhor balada de “rumba” da cidade para oferecer uma experiência multisensorial aos visitantes.

São 1500 metros quadrados distribuídos em quatro andares e capacidade para até 800 pessoas (nas noites de balada o número pode chegar a 1300 facilmente), com decoração temática que remete à obra “Divina Comédia” de Dante Alighieri. Cada andar recebe o nome de uma passagem do livro – “El Infierno” possui tons em roxo e vermelho, com um mural enorme feito em mosaico e luminárias em formato de coração; “La Tierra” tem muita madeira e elementos de fazenda, animais e a a imagem do Sagrado Coração de Jesus ao lado de um de boi com o coração vermelho como a imagem santa; “El Purgatório” é onde a balada rola solta, com teto cheio de luminárias em formato de corações alados, e onde bandas de rumba, salsa e merengue se apresentam tarde da noite; por fim, “El Cielo” é um salão usado como boate à noite e espaço “kids” na hora do almoço.







A gigantesca (e confusa, diga-se) carta em formato de revista tem impressionantes 64 páginas quase 800 opções à disposição, entre entradas, pratos, principais, sobremesas e bebidas. Sério, a cozinha precisa trabalhar muito sincronizada para dar conta de tantos pratos e combinações diferentes, e o negócio aparentemente funciona bem, nas três visitas que fizemos o que pedimos nos agradou bastante. Só não espere a melhor comida de Bogotá, tampouco a mais barata – ali o fator “lugar” está definitivamente incluído no preço.

O atendimento é feito por jovens, em sua maioria gente jovem que busca no Andrés (e nas boas gorjetas dos clientes) uma forma de ganhar uma boa grana para sustentar seus estudos, dos baladeiros que encontraram no Andrés o lugar para unir trabalho e diversão, até pessoal de bom nível financeiro que usa o Andrés como status social. A qualidade do serviço é muito boa, os atendentes são rápidos e muito prestativos. E estão sempre nos arredores, para que em teoria o cliente não tenha que ficar esperando muito tempo (embora em dias de casa lotada não há como isso funcionar muito bem).




Detalhes da decoração (esq) e a jarra onde chega a conta, que vem com uma calculadora, um saquinho de guloseimas e um martelo (???)

As especialidades da casa são os pratos típicos colombianos (patacones, arepas, yucas, tostones, empanadas, chicharrones, embutidos, ajiacos e sancochos), os cortes de carnes preparados na grelha e a longa e variada lista de opções para o café da manhã, mas as opções de pescados, massas, frutos do mar, sanduíches, saladas, sopas, sobremesas e cafés merecem elogios.

Nossa primeira visita foi em um sábado à noite, dia oficial de balada do Andrés DC, com música em volume quase ensurdecedor e vários grupos passando de mesa em mesa fazendo performaces para os turistas que visitam a casa por primeira vez. Do cardápio, começamos com os “Camarones al Ajillo” (COP 27,800), são 150 gramas de camarões grandes (cerca de 6 unidades) salteados no alho e azeite, acompanhados por uma cesta de pães; e a “Pechuga a la Parrilla” (COP 47,800), são dois tenros peitos de frango (cerca de 200 gramas cada) preparados na grelha. Simples e saboroso, porém incrivelmente caro – sim, o Andrés DC não é um lugar barato, em vários “assaderos” da cidade você pode comer um frango INTEIRO por COP 15,000.


Couvert


Molhinhos servidos para acompanhar os pratos

Tivemos melhores resultados com as carnes, porém assim como o frango, prepare-se para abrir o bolso. A maciez do “Lomo al Trapo” (COP 49,900) é impressionante, são 330 gramas de um filet mignon delicioso, acompanhado com arepa e 3 molhos (BBQ, chimichurri e mostarda com mel). Servida "tajada" (fatiada), a carne chega apenas selada, porém em uma chapa de ferro quente, deixando para cada um preparar a carne no ponto que mais goste, uma baita sacada dos caras. O prato inclui uma guarnição, que pode ser batata frita, salada de verdes, batata criolla (aquela pequena que usamos em salada), tomate recheado com purê de batata ou salada de batatas.


Lomo al Trapo

Pessoalmente gostei mais da combinação de sabores do “Lomo en Vino Ajisoso” (COP 49,800), são os mesmos 330 gramas de carne com redução de vinho tinto e finalizado com chimichurri. O prato inclui uma guarnição, escolhemos novamente as sequinhas e crocantes fritas da casa para acompanhar a carne. Como sou fã de sabores fortes, a combinação da carne ao vinho (que deixa o corte ainda mais suculento) com o toque de chimichurri me agradou muito mais. De longe o melhor prato que provamos após 3 visitas ao Andrés DC.

A provoleta é um clássico da cozinha argentina e da comida de buteco no Brasil, e aqui ela ganha personalidade para abrir a refeição ou acompanhar a força de uma bela carne sem perder o fôlego. Disponível em duas versões, com 200 gramas (COP 34,800) e 100 gramas (COP 19,100), o queijão chega em uma chapa de ferro quente, devidamente coberto com tomate e orégano e acompanhado por uma cestinha de pão quentinho. Sou fã incondicional de uma boa provoleta (meu mundo por um vinho, por favor), e embora a versão do Andrés seja preparada na chapa, ela não perde em nada para as clássicas preparações na grelha.


Provoleta

O único prato 100% colombiano da carta que provamos foi “Cuchuco de Trigo con Espinazo” (COP 34,800), que assim como Ajiaco, Sancocho e Mondongo é uma sopa (para quem não sabe, a Colômbia é a terra das sopas) de origem indígena preparada com cuchuco (trigo moído), feijão verde, batata, cenoura, coentro, ervilha e repolho, acompanhado de arroz branco, abacate picado e espinazo de cerdo (conhecido no Brasil como suã, a carne da espinha do porco). Se você gosta de sopa bem consistente, forte (daquelas que te deixará transpirando no final) e com diferentes texturas e sabores, é uma ótima alternativa ao Ajiaco, prato-símbolo de Bogotá (e que você provavelmente já provou em algum lugar). É um prato de sabores fortes, realçados pela carne bem preparada e temperada que acompanha a sopa. Prato ideal para as noites frias de Bogotá.


Cuchuco de Trigo con Espinazo

Todos os sucos naturais chegam em simpáticas tigelinhas pintadas à mão com referências da Colômbia, como o de lulo (COP 7,900), cremoso e docinho na medida, mas sem perder o toque cítrico característico da fruta. Também possuem uma longa carta de bebidas alcoolicas, com cervejas, vinhos, drinques e todos os destilados que você pode imaginar, porém com preços beeeem inflacionados – ah, e vale dizer que nas noites de quinta a sábado é cobrada uma entrada de COP 20,000 não consumíveis. E o lugar bomba de gente, a fila na porta para entrar pode facilmente chegar a 1-2 horas, e a gente não arreda o pé.


Suco de lulo



Fechamos nossa experiência com a “Torta de Chocolate” (COP 12,400) – para quem não sabe, “torta” em espanhol é bolo, e aqui a fatia de bolo (um pouco seca na nossa opinião) é acompanhada por calda quente de chocolate, bem simples. Ainda é possível acompanhá-la por uma bolinha de sorvete de creme (COP 3,900), paga à parte. Sem surpresas.


Torta de Chocolate

Além dos restaurantes em Chía e Bogotá, o Andrés trabalha com duas marcas – “La Plaza de Andrés”, local dividido em cerca de 15 estações (ou “ilhas”), cada qual com uma especialidade (carnes, pescados, padaria, embutidos, doces, sopas, etc.), onde a idéia é ir à ilha de sua preferência, escolher o que comer, pagar e buscar uma mesa. Não existem garçons, não existe serviço de mesa. A idéia é oferecer um modelo mais informal, com carta mais reduzida em comparação a dos restaurantes, assim como o tamanho das porções e preços. É um modelo um pouco confuso, no começo você fica perdido em saber que, se quiser uma sopa de entrada, uma carne de principal, um doce de sobremesa e um vinho para acompanhar você terá que ir em quatro “ilhas” diferentes, fazer quatro pedidos e esperar que cada um fique pronto (que, inclusive, podem ficar fisicamente distantes), pessoalmente achei pouco prático, principalmente para quem está sozinho(a).


La Plaza de Andrés, ceviche clássico (COP 14,800)

Já o “Andrés Exprés” tem perfil de lugar de comida rápida, como um quiosque de praça de alimentação de shopping, criado sob medida para os centros comerciais com grande circulação de pessoas, apostando em um modelo de serviço muito mais simplificado, que pode ser observado na minúscula carta e nos preços reduzidos. É por este modelo de negócios que a rede pretende expandir-se fortemente por meio de franquias, incluindo presença internacional em outros países – atualmente são atualmente 15 endereços em Bogotá, com planos de atingirem 50 endereços em 2-3 anos.


La Plaza de Andrés, salmão grelhado (COP 28,200)

Endereço: Calle 82 # 12-21
Horário de funcionamento: Domingo a quarta das 12hs à meia-noite, quinta a sábado das 12hs às 3 da manhã.
Internet: http://www.andrescarnederes.com/es/andres_dc

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