Distante cerca de 30 minutos do centro de Lisboa, onde o Rio Tejo cede lugar à imensidão do Oceano Atlântico, Cascais é uma antiga vila de pescadores aninhada estrategicamente entre a soalheira Baía de Cascais e a majestosa Serra de Sintra. É um tradicional destino de veraneio dos lisboetas, e tem nas praias sua principal atração para locais e turistas.
Existem registros de que a região já era habitada desde a Baixa Idade Média. Na segunda metade do século 12, Cascais é uma pequena aldeia de pescadores e lavradores. Recebe a Carta de Foral em 1364, elevando a localidade a vila, e retirando-a do domínio de Sintra. Dada sua posição estratégica, no século 15 foram erguidas várias fortificações com fins defensivos.
Cascais foi porto de abrigo da realeza europeia durante a Segunda Guerra Mundial graças ao estatuto neutral do país. Sede da residência de verão da monarquia portuguesa desde 1870, mantém traços da época em que a região era estratégica para o poder naval português, através dos elegantes faróis, fortalezas, palacetes e a imponente Cidadela do século 17.
É super fácil planejar um bate-volta a partir de Lisboa. Basta pegar o trem que sai do Cais do Sodré e tem Cascais como última estação (compre o bilhete para 4 zonas, custa 4,30€ ida/volta). O primeiro trem parte de Lisboa às 5h30, com saídas a cada 15 minutos. O trajeto acompanha o rio Tejo durante toda a viagem, uma rota muito bonita que ainda passa pela Ponte de 25 de Maio e Torre de Belém.
Uma das placas do Centro Histórico
Outra opção é alugar um carro em Lisboa, que é muito prático e fácil. Basta então seguir pela estrada A2/A5, com início no Centro Comercial Amoreiras, sentido Cascais. A estrada é um tapete, é só seguir por ela uns 20 minutos.
A página oficial de Cascais informa traz detalhes sobre as atrações turística e informa sobre os eventos na cidade - http://www.cm-cascais.pt/,
Montamos dois roteiros para quem planeja visitar Cascais, que podem ser feitos em apenas 1 dia (manhã e tarde, por exemplo), com uma dica de uma marisqueria local para almoço:
Roteiro 1: A Cascais histórica
Para quem tem tempo, um jeito interessante de começar o tour em Cascais é por Estoril. Junto a estação de trens de Estoril estão o Forte da Cruz, construído entre 1640-68, que integrava a 1ª linha de fortificações Tejo, que se estendia do cabo da Roca até à Torre de Belém para defesa da cidade de Lisboa.
Câmara Municipal
Câmara Municipal
Do outro lado, temos o Jardim do Estoril, onde fica o Casino Estoril, fundado em 1916, simplesmente o maior cassino da Europa. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi considerado um ponto de encontro de espiões, o que teria inspirado um tal Ian Fleming a criar um personagem chamado James Bond. O cassino também foi usado nas filmagens de "Casino Royale" (1953).
Fechamos nosso tour por Estoril na Praia do Tamariz, praia mais cosmopolita da região, reunindo vários bares e discotecas e uma noite bem movimentada. Destaque para o túnel que liga a praia aos jardins do cassino, com lojas de música e decoração.
Barcos de pescadores na Praia da Ribeira
Um caminho de pedra à beira-mar de 3 km de extensão, conhecido como “Paredão”, conecta Estoril a Praia da Rainha, a poucos passos da Estação de Trens de Cascais e do início do nosso tour por Cascais. No caminho podemos apreciar a orla costeira, o movimento das praias, os pescadores com suas redes e barcos coloridos. Destaques para as duas piscinas oceânicas, estruturas de pedra preenchidas com água salgada e temperatura morninha, uma na Praia do Tamariz e a outra na Praia da Conceição.
Para quem preferir começar o tour a partir da Estação de Trens de Cascais, o ponto de partida é o Largo da Estação, local com restaurantes e bares simples para matar a fome. De lá, siga pela Travessa da Conceição (primeira à esquerda) até a antiga Rua Direita, hoje Rua Frederico Arouca, principal rua de comércio da cidade, onde encontrará várias lojas de acessórios, roupas de praia e artesanatos. A rua termina no Largo Luís de Camões, coração do Centro Histórico e zona preferida dos locais e turistas, com a animação garantida pelos inúmeros bares e restaurantes.
Praça 5 de Outubro
Nossa próxima parada é a Praça 5 de Outubro, com sua calçada em padrão ondulado branco e preto, uma marca do centrinho de Cascais. Aqui fica a Câmara Municipal (como os portugueses chamam a prefeitura), instalada no antigo Palácio dos Condes da Guarda, construído no século 18 antes do grande terremoto de 1755. Interessante notar que a data afixada na porta da Câmara diz “1821”, data da sua renovação. A fachada do edifício tem uma coleção de painéis de azulejos com representações de santos católicos.
No centro da praça há uma estátua de D. Pedro I, o rei da lendária história de amor de Inês de Castro. Conhecido como "O Justiceiro", foi durante o seu reinado, em 1364, que Cascais recebeu a carta de foral, elevando a localidade a vila e tirando-a do domínio de Sintra.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção
Dali, seguimos em frente até a Praia da Ribeira, de onde à esquerda avistamos o Palácio de Seixas (Messe de Cascais). Construído sobre as fundações de um antigo forte, chamado o Forte de Santa Catarina e abandonado no século 19, foi comprado para ser usado como residência. Atualmente pertence a Marinha Portuguesa.
Siga à direita pela Av. Dom Carlos I em direção a Cidadela de Cascais. Em frente, temos a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, cuja data de construção é incerta – o que se sabe é que já existia uma igreja no local em 1572. O interior é simples, com destaque para uma coleção de painéis de azulejos com temas religiosos datados de 1720.
Cidadela
Cidadela
Okay, agora vamos para a Cidadela! Complexo fortificado construído no século 16, é composto pelo Forte de Nossa Senhora da Luz, Torre de Santo António e Palácio da Cidadela. O conjunto tinha a função de defesa daquele trecho da costa.
Passamos o Portão de Armas para ter acesso ao pátio, a única parte aberta à visitação. Lá dentro temos a Pousada de Cascais, hotel sob gestão do grupo Pestana, o "Cidadela Art District", centro de exposição de arte ao ar livre, com galerias culturais e estúdios abertos para artistas trabalharem perante os visitantes, e o Palácio da Cidadela, que funciona como residência de verão do Presidente da República Portuguesa.
Portão de Armas
Muros no interior da Cidadela
Situado à mesma altura da Marina de Cascais, o Parque Marechal Carmona também é conhecido pelo nome de Parque da Gandarinha devido à antiga residência dos Viscondes da Gandarinha que se encontra dentro do parque. Local com grande diversidade de fauna e flora, o parque abriga um mini-zoo, uma área para crianças com uma biblioteca, a charmosa Capela de São Sebastião (datada de 1594, com belos azulejos do século 17), amplas áreas verdes e trilhas cercadas de árvores enormes. Vale o passeio.
Parque Marechal Carmona
Painel de Azulejos
Fonte
Capela de São Sebastião
Dentro do parque fica o Museu Condes de Castro de Guimarães. Aberto ao público em 1931, expõe obras de arte que mostram a Cascais de outros tempos, desde porcelanas a livros variados. Está dentro do Parque Marechal Carmona.
Museu Condes de Castro de Guimarães
Aqui podemos seguir dois caminhos diferentes. Saindo do parque à esquerda, temos o Museu do Mar D. Carlos, um palacete de caráter aristocrata do século 19 com exposições permanentes e temporárias relativas à marinha e biologia, e a Casa das Histórias Paula Rego, um edifício-museu contemporâneo de arquitetura muito peculiar, onde se encontra parte das obras da artista portuguesa.
Cidadela e Marina
Marina de Cascais
Já o caminho da direita nos leva em direção a Marina de Cascais, com capacidade para 650 iates com um comprimento máximo de 35 metros, um local moderno e sofisticado, repleto de iates de luxo, restaurantes requintados e boutiques de luxo.
Casa de Santa Marta e Farol de Santa Marta
Museu Farol de Santa Marta
Da Marina, seguimos pela Av. Rei Humberto II de Itália até a Casa de Santa Marta, construída em 1902. Ao fundo, vemos o Farol de Santa Marta. Localizado no Forte de Santa Marta, embora o farol continue a servir de guia para os navios e de sinalização costeira, também abriga um museu que conta a história dos cinco séculos dos faróis portugueses.
Sugestão de Almoço: Mar do Inferno
Roteiro 2, Praia, sol, mar e natureza (com umas boas pedaladas para ajudar na digestão)
Cascais tem 17 praias em 15 quilômetros de costa, além de falésias, dunas, parques e reservas naturais. A praia mais famosa é a Praia do Guincho, na zona do Parque Natural Sintra-Cascais, distante 8 km do centro de Cascais, já na direção de Sintra, muito frequentada por praticantes de surf, kitesurf e windsurfe, e que já recebeu etapas de campeonatos mundiais.
Outras praias famosas são a de Tamariz, em frente ao Casino de Estoril, e a da Conceição, ao lado da Estação de Trens de Cascais, ambas com águas mornas e calminhas, ideais para crianças; de Santa Marta, atrás do Museu Conde Castro Guimarães, onde os locais adoram saltar da ponte diretamente na água; da Ribeira, conhecida como “a praia dos pescadores”, com boa infra de bares e restaurantes; a pequena Praia da Rainha, ao lado da Praia da Conceição, rodeada por paredes rochosas; a tranquila Azarujinha, acessada pelo “paredão” entre Estoril e Cascais.
Para a lista completa de praias de Cascais e Estoril, acesse http://www.portugalvirtual.pt/cascais-estoril/praias.php.
Boca do Inferno - a água entra por aqui, ...
... e chega até aqui, uma espécie de gruta
Para quem gosta de pedalar, uma ciclovia com 16 km de extensão conecta Estoril até a Praia do Guincho. Para quem gostou da ideia de conhecer as praias de Cascais de bike, o serviço BiCAS aluga bicicletas! São 3 pontos de retirada (um deles fica no Largo da Estação, junto a Estação de Trens de Cascais). Funciona todos os dias das 8hs às 20hs (a devolução das bikes deve ser feita até às 19hs). São 3 preços, 1€ por 30 minutos, 1,99€ por 1 hora, e 3,90€ o dia. Ah, e a bike pode ser devolvida num posto diferente de onde foi retirada!
Para mais informações sobre o serviço, acesse http://lisboando.pt/passeios/bicas-passear-de-bicicleta-em-cascais/.
Do centro de Cascais, seguimos pela ciclovia uns 2 km até chegarmos na Boca do Inferno, uma formação rochosa que, por causa das ondas do mar, sofreu erosão. Seu nome deve-se ao tremendo barulho que as ondas fazem quando colidem contra as rochas, e devido também semelhança da formação com uma “boca aberta” virada para o oceano. Um mirante permite observar a guerra sem fim entre o mar e as rochas. Aproveite para ver o pôr-do-sol dali, e comer no Mar do Inferno, restaurante TOP que fica na parte de cima da falésia (falamos sobre ele aqui).
Mirante da Boca do Inferno, com vista para o paredão de rochas...
... e para a imensidão do Oceano Atlântico
Se você decidir seguir pela ciclovia até a Praia do Guincho, chegará na entrada do Parque Natural de Sintra-Cascais, área com quase 15 mil hectares com praias quase desertas (Praia da Abraga, Praia da Grota, Praia da Ursa, etc), a biodiversidade da Serra de Sintra, zonas agrícolas para produção de vinho e o Cabo da Roca (farol do século 18 e ponto mais ocidental da Europa continental), além de ser a porta de entrada para a Vila de Sintra. Mas aí é assunto para outro post!
_01.jpg)
0 comentários:
Postar um comentário