sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cartagena – Carmen


Pez Negro

Tido como um dos melhores restaurantes de Cartagena, o Carmen é um daqueles lugares onde o conceito de “experiência gastronomia” é levado muito a sério. A carta contemporânea concentra-se nos peixes e frutos do mar, principal matéria-prima da cidade, para apresentar recriações e propostas de harmonizações de sabores pouco tradicionais.

Instalado no requintado Hotel Boutique Anandá, em uma rua bem tranquila do Centro Histórico, o pequeno salão de apenas 30 lugares valoriza o antigo e com a introdução do moderno para criar um ambiente rústico e intimista, com parede de tijolos à mostra acompanhada por mesas de vidro verde, cadeiras de bambú e outras peças de decoração, e vigas de madeira no teto ornamentadas por lâmpadas de vidro em forma de gota.




O couvert tinha bolinho de pescado, risoto de ervas e espuma de suero costeño

O cardápio completo (e com preços) está no site, uma atitude simpática do restaurante e que demonstra total respeito ao cliente.

A carta de bebidas tem sucos como abacaxi, lulo (COP 8,000 cada) e a tradicional limonada de coco (COP 10,000), uma instituição colombiana; cervejas, como a mexicana Modelo Especial (COP 12,000), leve e com bastante lúpulo para enfrentar o calor escaldante de Cartagena; e vinhos, são mais de 100 rótulos entre tintos e brancos de 11 países diferentes (Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Chile, Argentina, Itália, Espanha, Luxemburgo, França, Portugal e África do Sul), além de alguns exemplares em taça.



IMPORTANTE: Para fazer o valor do pratos em reais (R$), multiplique o valor em pesos colombianos por 1,2 e depois divida por 1000. Fácil.



O “Ceviche Laminado” (COP 27,000) é uma reinvenção do principal prato peruano. O pescado está lá, mas saem os tradicionais cubinhos e entram as lâminas bem fininhas, como um carpaccio. Ao invés de limão, coentro e cebola roxa, o leche de tigre leva tamarindo, coco e manga. O prato chega à mesa tampado, com “fumaça” de coco queimado – é só abrir e os aromas se espalharão pelo salão. Um daqueles pratos que não existe meio termo, existem os que amam e os que odeiam. Em comum, os dois grupos destacarão a textura do pescado e a predominância de sabores doces e cítricos.


Ceviche Laminado

Uma das entradas mais elogiadas da casa é o “Pulpo Joven” (COP 32,000), que leva o fruto do mar preparado com esmero na grelha e acompanhado de croutons de frango, batata criolla defumada, chorizo, páprica e molho “soubise” (à base de cebolas e com consistência de purê). Sem dúvidas o polvo é espetacular, carne tenra e grelhada à perfeição, e a função dos demais ingredientes é propor diferentes combinações e texturas.


Pulpo Joven

Entre os pratos principais, o “Pez Negro” (COP 49,000) tem uma proposta ousada: posta de pescado selada com azeite de oliva negro, base de dois raviolis grandes recheados de suero costeño, ricota da casa e manga, regados com um molho de ají doce e gengibre. Os aromas são incríveis, o peixe desmancha com o toque do garfo, o ravioli chega no ponto certo e vem generosamente recheado, os demais sabores oferecem notas adocicadas bem leves. Entretanto, na minha opinião o prato tem um erro: a força do azeite prevalece e acaba “matando” o sabor suave do peixe. Para mim a combinação não funciona.

Poucas vezes eu vi um prato com tamanha overdose de ingredientes, cores e aromas como o “No Me Llames Cazuela” (COP 49,000), o que não necessariamente significa algo bom. Na sede de tentar inovar, buscaram uma improvável harmonização entre camarões com molho de bisque negro (que leva tinta de lula), base de risoto de coentro, tomate cereja confitado, tomate verde frito e cubinhos fritos de banana da terra. Sério, você gasta uns 5 minutos tentando ententer o que é cada coisa antes da primeira garfada.


No Me Llames Cazuela

Não há dúvidas que todos os ingredientes são muito bem preparados, buscando o máximo de cada produto para atingir a harmonização ideal. E é neste ponto que a proposta escorrega, esqueceram um dos velhos conceitos da gastronomia, “menos é mais”. Para começar, o bisque é completamente dispensável, altera completamente o sabor do risoto. Os tomates ajudam a trazer roupagens ácidas e adocicadas ao prato e são bem-vindos, já a banana, de verdade, não tem outra utilidade a não ser fazer volume.

Finalizados os pratos principais, serviram um amuse bouche, sempre presente nos restaurantes mais refinados para “limpar” o paladar antes da sobremesa, uma mescla de gengibre, espuma de coco, coco ralado tostado e açúcar caramelizado.


Amuse bouche

A sobremesa que escolhemos foi o “Maui” (COP 16,000), uma torta (que na verdade é um bolo) de macadâmia coberta com ganache 70% cacau, acompanhado de uma bola de sorvete de mel e lavanda, espuma de coco e abacaxi caramelizado no rum. Sobremesa para quem não gosta de nada muito doce, o bolinho é bem denso e repleto de macadâmia, só poderia ser um pouco mais úmido - o sorvete ajuda, mas a mistura de ambos suaviza demais o sabor da macadâmia. Também acho que o abacaxi poderia vir com um pouco menos de rum, é intenso e desproporcional aos demais sabores, que acabam ficando sem segundo plano.


Maui

Pagamos COP 230,587 pela conta. Estamos falando de um local requintado, dos preços inflacionados de Cartagena (para quem não sabem a cidade mais cara da Colômbia) e um restaurante TOP3 no TripAdvisor, o que ajuda a  elevar ainda mais os preços. Mesmo com os deslizes nos pratos principais, que a meu ver não foram suficientes para comprometer a qualidade final, é um restaurante que cumpre às expectativas de oferecer uma boa experiência gastronômica aos clientes.

Endereço: Calle del Cuartel #36-77
Horário de funcionamento: Todos os dias das 7hs às 10h30 (café da manhã), 12hs às 15hs (almoço), 15hs às 19hs (coquetéis e entradas), 19hs às 22h30 (jantar)
Internet: http://www.carmencartagena.com/

Como chegar: A Calle del Cuartel é a Carrera 5, o restaurante fica entre as Calles 36 e 38 – só para situar, a Calle 38 é a do Parque Fernandez Madrid, e a Calle 35 é a da Plaza Santo Domingo.

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